top of page

BC lança laboratório para estudar Real Digital; participantes poderão enviar ideias para análise

Os projetos poderão ser enviados por Instituições financeiras, cooperativas e bancos para implementação da moeda até o dia 11 de fevereiro.


Pexels

Nesta semana, a Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) informou que abriu um Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas, o “LIFT Challenge”, para estudar o real digital.


Segundo a federação, a ideia é receber projetos com ideias práticas e possíveis para a implementação de uma versão virtual da moeda brasileira.


A iniciativa de criar o Laboratório (LIFT) é conjunta do Banco Central do Brasil e da Fenasbac, que busca promover soluções tecnológicas para o sistema financeiro nacional.


Participantes do sistema financeiro como instituições financeiras, cooperativas e bancos podem enviar sugestões que viabilizariam a elaboração de uma moeda virtual oficial e justificariam seu uso até o dia 11 de fevereiro.


“Temos tido conversas interessantes com instituições financeiras, que desde o ano passado já sinalizaram para nós algumas soluções para o real digital”, afirmou Rodrigoh Henriques, líder de inovações financeiras da Fenasbac.


Rodrigoh Henriques disse que é possível que nenhuma ideia do laboratório seja considerada madura o suficiente para ser levada adiante, mas acredita que eles terão soluções satisfatórias para dar prosseguimento ao processo.


“Não esperamos altos números de inscrição porque é algo complexo, difícil e precisa de alta maturidade para entrega, mas esperamos bons números”, disse.


Desafio do real digital


Para inscrever um projeto no desafio do real digital, basta clicar no link disponibilizado pelos organizadores.


Após o término das inscrições, o Banco Central e a Fenasbac vão se reunir para escolher os projetos selecionados, que serão anunciados no dia 4 de março.


Segundo Rodrigoh, é esperado que haja entre três a cinco ideias aprovadas. Após a divulgação dos escolhidos, a partir do dia 28 de março terá início a execução dos projetos selecionados, com previsão de término em 29 de julho.


O líder de soluções inovadoras da Fenasbac disse ao CNN Brasil Business que a expectativa é que a moeda digital seja lançada oficialmente em 2024.


O que é o real digital


Trata-se de uma CBDC (Central Bank Digital Currency), moeda alternativa, mas com o mesmo valor do dinheiro tradicional físico.


“A CBDC é usada para diferenciar uma criptomoeda. O real digital não é uma criptomoeda, apesar de parecer muito. Ela é uma moeda digital, mas emitida por um Estado”, explicou Rodrigoh.


“O que estamos observando é que os bancos centrais do mundo já discutem os motivos que podem levar à introdução de moedas digitais nacionais. É um movimento que ocorre pois as moedas virtuais privadas estão ficando muito importantes para a sociedade”, acrescentou.


Com a implementação do real digital, os brasileiros vão possuir uma carteira virtual em custódia de um agente autorizado pelo BC — como um banco ou uma instituição de pagamento.


A moeda poderá ser convertida para qualquer outra forma de pagamento hoje disponível — como depósito bancário convencional ou em real físico.


O Banco Central do Brasil disse ao CNN Brasil Business que o real digital tem como foco pagamentos online, inclusive do dia a dia, e por isso seu impacto sobre a demanda por papel-moeda não deve ser relevante, a princípio.


Categorias para implementação


O Banco Central do Brasil e a Fenasbac estipularam quatro categorias em que as instituições participantes do laboratório devem destinar seu foco e ofertas soluções.


A primeira delas é a chamada ‘Entrega contra pagamento’. Por meio da carteira virtual, o usuário poderá realizar transações em “contratos inteligentes” digitais. Na prática, isso significa que um cidadão que tiver interesse em comprar o carro de um terceiro poderá elaborar um contrato digital e alocar os valores do real digital, por exemplo.


No entanto, o dinheiro permanece parado, e a transferência só será concluída quando os documentos do veículo estiverem em posse do novo dono e a situação estiver regularizada no Detran, por exemplo.


Essa é a primeira especificidade que o Banco Central estipulou para as instituições participantes referentes às categorias de casos de uso da moeda.


“Para que isso ocorra, o usuário terá que ter o token do carro. A sociedade vai se mobilizar para haver uma tokenização, que é um registro de posse, só que digital”, explicou Rodrigoh Henriques, líder de inovações financeiras da Fenasbac.


Outra categoria será a “pagamento contra pagamento”. Esse foi o nome usado para as transações de câmbio. Por meio do real digital, o usuário conseguirá pagar e receber em outras moedas e fazer a conversão delas.


O Banco Central também estabelece que a moeda virtual deverá ter aspectos de internet das coisas, ou IoT. Com isso, o cidadão não precisará mais se preocupar em pagar algumas contas básicas ou fazer compras, pois suas máquinas inteligentes farão por ele, por meio da nova opção de moeda.


“Uma geladeira poderá fazer compras automaticamente no mercado com base no que tem dentro dela. Caso ela perceba que o leite acabou, poderá realizar a compra para o usuário, caso seja programada para isso”, disse Rodrigoh.


“Outro exemplo é o de um carro inteligente que poderá pagar pedágios ou o estacionamento sem que o motorista se preocupe com essas coisas”, acrescentou.


O economista explicou que essas máquinas inteligentes deverão ter uma carteira virtual em custódia própria para a realização das compras e transferências. Nela, o usuário deposita valores do real digital para que a máquina cadastrada consiga realizar os pagamentos.


Por fim, o BC determina a validação de finanças descentralizadas. Segundo Rodrigoh, essa categoria permitirá que as transações só existam no mundo digital, por meio de empresas virtuais, sem que essas transações passem pelos bancos tradicionais, por exemplo. “Ele só funciona se a moeda for digital e o processo muito rápido”, completou.


Uma das possibilidades que ainda está em estudo é a transferência de real digital em modo offline, ou seja, quando algum dos usuários não está conectado à internet. Esta categoria não é uma exigência do BC no LIFT Challenge, mas a entidade disse que dará preferência às instituições que ofertarem esta usabilidade.


Fonte: Portal contábeis com informações da CNN


bottom of page