Pesquisa ouviu 146 empresas que empregam mais de 400 mil funcionários no Brasil.

Segundo um levantamento realizado pela consultoria Mercer Marsh Benefícios, as doenças osteomusculares, tais como tendinites, lombalgias e dores musculares, do aparelho respiratório, as infecciosas e parasitárias, e os transtornos mentais, nessa ordem, são os que problemas de saúde que mais causam o afastamento de trabalhadores no Brasil.
O estudo foi realizado entre os meses de julho e agosto, ouvindo 146 empresas, de médio e grande porte, nacionais e multinacionais, em 29 segmentos. Juntas, empregam mais de 400 mil pessoas.
“A pesquisa também traz números preocupantes em relação à atuação das companhias na prevenção dos afastamentos, analisa o superintendente de gestão de saúde da Mercer Marsh Benefícios, Helder Valério.
Segundo ele, 29% das empresas desconhecem os principais motivos dos desligamentos e 49% das que afirmam gerenciar as licenças, não possuem um plano de ação para evitá-las.
“Em uma época em que as organizações investem tempo, dinheiro e esforços na adoção de práticas ESG [meio ambiente, social e de governança] é um contrassenso termos um gap na prevenção de baixas dos empregados”, analisa Valério.
O superintendente de gestão de saúde afirma que os funcionários querem trabalhar para empresas socialmente responsáveis. “Os dias de dizer uma coisa e fazer outra acabaram”.
Valério acredita que, no geral, há uma concentração de esforços de aspecto ambiental nas planilhas de ESG e menos atenção às facetas sociais e de governança.
“É vital que as estratégias considerem todos os fatores para garantir valor e resiliência [às companhias].”
Ao analisar outros resultados da pesquisa, ele chama a atenção para alguns pontos, como a saúde mental, que surge como a principal causa de afastamento em alguns segmentos da indústria, como o farmacêutico; e a falta de capacidade das lideranças em realizar uma gestão efetiva dos indicadores de programas de bem-estar.
“Ao avaliarmos a função do setor de saúde ocupacional nas iniciativas das empresas, identificamos que, em quase metade ou 46% das entrevistadas, não há participação dessa área”, diz. Ele reforça, ainda, que desde que bem capacitado, esse departamento pode contribuir de forma positiva na gestão da saúde.
Por outro lado, o trabalho indicou um avanço das soluções tecnológicas nos planejamentos de saúde funcional.
“O percentual de organizações com soluções implantadas ou que pretendem implantá-las, nos próximos 18 meses, é de 82%”, diz.
O acompanhamento médico por meio do teleatendimento (59%) e sistemas de business intelligence (BI) com indicadores de saúde ocupacional (52%) lideram entre as inovações em uso.
Na comparação entre os cuidados, somente 17% investem em ações voltadas à prevenção de doenças osteomusculares, parcela que sobe para 79% quando a aposta é em frentes de atenção à saúde mental.
Recomendação
Diante dos dados apresentados, a recomendação do especialista para as diretorias é investir na gestão de saúde com uma visão mais assistencial, com ferramentas que garantam agilidade no tratamento dos dados e uma melhor atuação dos departamentos de bem-estar e de recursos humanos.
“Um olhar holístico para o cuidado com os empregados, que integre informações ocupacionais, assistenciais e previdenciárias, traz melhorias à qualidade de vida do quadro, além de ganhos financeiros de curto, médio e longo prazo para as empresas”, destaca.
Valério ainda sugere que as empresas continuem investindo em ações que promovem o bem-estar, como o uso do exame médico periódico.
A pesquisa identificou que 70% dos empregadores mantêm ambulatórios de saúde, sendo 59% unidades próprias ou não terceirizadas.
Fonte: Portal Contábeis com informações do Valor Econômico